Marisa Mourinha
Universidade de Lisboa
ORCID 0000-0002-5484-268X
Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Tradutores acidentais, tradutores sobreviventes: dois percursos acidentados, em narrativas de Jonathan Safran Foer e Todd Hasak-Lowy
Dedalus 26 (2022), pp. 69-89. Download PDF

Abstract

This article analyses two fictional representations of translators-interpreters in conflict situations: Todd Hasak-Lowy’s short story “The Task of This Translator” (2005) and Jonathan Safran Foer’s first novel, Everything Is Illuminated (2002). Very different, namely in their narrative form, these two works come together in the way they use irony to address dramatic subjects: in Safran Foer, young Alex is enrolled as an interpreter for an American who visits Ukraine in search for his roots; in Hasak-Lowy, a desperate Ben accepts a job he has no qualifications for. In both cases, the interpreter ends up playing a crucial role, enabling a mediation that goes far beyond a strictly linguistic framework. Resorting to theoretical works such as those of Delabastita and Grutman (2005), Kaindl and Spitzl (2014), or Arrojo (2018), on the fictional representation of translators, Baker (2006) on translation and conflict, and Boase-Beier et al. (2017), specifically on matters concerning translation and memory, will analyse comparatively these two portrayals, paying close attention to issues relating to the ethics of mediation.
 
Keywords: Safran Foer; Hasak-Lowy; translation and conflict; translation and memory; ethics of mediation


Resumo
Este artigo analisa duas representações ficcionais de tradutores-intérpretes em situações de conflito: o conto de Todd Hasak-Lowy “The Task of This Translator” (2005) e o primeiro romance de Jonathan Safran Foer, Everything Is Illuminated (2002). Muito diferentes, desde logo na sua forma narrativa, estas duas obras convergem no modo como usam a ironia para abordar assuntos dramáticos: em Safran Foer, o jovem Alex é contratado como intérprete de um norte-americano que visita a Ucrânia à procura das suas raízes; em Hasak-Lowy, um desesperado Ben aceita um trabalho para o qual não tem qualificações. Em ambos os casos, o intérprete acaba por desempenhar um papel crucial, possibilitando uma mediação que vai muito além do âmbito estritamente linguístico. Recorrendo a trabalhos teóricos como os de Delabastita e Grutman (2005), Kaindl e Spitzl (2014), ou Arrojo (2018), no que diz respeito à representação ficcional de tradutores, de Baker (2006) sobre tradução e conflito e de Boase-Beier et al. (2017) especificamente no que concerne tradução e memória, levamos a cabo uma análise comparativa destes dois retratos, dando particular atenção a questões relacionadas com a ética da mediação.
 
Palavras-chave: Safran Foer; Hasak-Lowy; tradução e conflito; tradução e memória; ética da mediação